Retalhos de uma Leitura Conjunta



Questões feitas pela Silvana do Por detrás das Palavras sobre o livro 


1. O que achaste da atitude de Afonso ao ir visitar o Matias antes de regressar definitivamente a Lisboa? O que é que pensas que ele esperava desta conversa?
Gostei de ver, achei uma atitude nobre querer saber como um camarada está. 
E de certa forma senti que foi uma maneira de "encerrar" o passado e aceitá-lo, e ao ter essa conversa com o Matias, soube que os demónios permanecem para quem fica e as questões que ruminam constantemente são iguais para todos. Mas também de alguma maneira é necessário seguir com a vida para a frente e valorizar o que é importante.

2. Sentiste falta da Agnès nesta última parte? O que achas que a presença dela poderia trazer de diferente?
Sim senti. Quando um escritor escolhe a dualidade de pensamentos das personagens principais, ficamos sempre com a sensação que algum de mau acontece quando de um momento para o outro passamos só a escutar um. E quando deixei de ler partes da Agnès pensei que ela já estivesse morta, mas afinal não era bem assim. 
O que poderia ter trazido de diferente seria a evolução da gravidez, das preocupações com o futuro e dos seus sentimentos em relação a esta nova forma de vida mas também à repetição da triste história de amor.

3. Como classificas a atitude de D. Isilda? Porque é que achas que ela agora decidiu que o Afonso já era suficientemente bom para Carolina?
Odiei a mulher, ela acabou por influenciar todas as questões importantes da vida do Afonso, aliás, ele acaba por pensar o mesmo. Acho desprezível, e morreu mesmo sem contar a verdade. 
Acho que no início até pensei que ela tinha uma certa razão em "afastá-los" para não existirem gravidez e casamentos precoces, mas claro, sendo mais moderada na parte em financiar-lhe completamente a vida. No final já lhe parece suficientemente bom para o querer na família devido ao cargo que ocupa, é demasiado doentio e manipulativo, e a filha basicamente é uma cópia da mãe.

4. O que mais te irritou no final?
Sinceramente, pensei que o livro tivesse uma parte dedicada ao título do livro. É verdade que não fez grande diferença mas aquilo foi mesmo um cheirinho do que de bom poderia ter acontecido na vida do Afonso passados tantos anos. 
E não gostei que ele tivesse casado com a Carolina, até podia ter refeito a vida, mas com ela não, muito menos logo dois anos depois...
 
5. Quais as personagens que mais te marcaram?
Agnès e o Afonso claro. Gostei mesmo de ver a evolução e retrocesso das personagens. Depois gostei bastante do pouco que entrou o Tenente Cook, pois representou a imagem que os estrangeiros tinham de Portugal. Também do pouco que apareceu dos pais do Afonso, fez-me lembrar as histórias de vida dos meus pais e dos meus avós, do que eles passaram. E ainda o Matias, o Baltazar e o Vicente, que com as suas diferentes personalidades, conseguiam de alguma maneira alegrar, esperançar e reclamar, a realidade que estavam a viver.


Esta leitura conjunta combina bem com...

Do Afonso para a Agnès:


Do Afonso para a filha Marianne:



Descreve o livro em 3 palavras:

Emotivo
Dramático
Cativante 


6 comentários:

  1. Bem, aquela música de Afonso para Agnès é tão, mas tão adequada que me deixou em lágrimas... Muito bem escolhida, Marta! Assenta que nem uma luva. Com a música é como se imortalizasses o amor dos dois... Nem vou escrever mais anda porque vai sair asneira, por vezes esqueço-me que são apenas duas personagens!

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    1. Adorei o que disseste, é verdade, "por vezes esqueço-me que são apenas duas personagens!"

      Que maratona para a encontrar :S mas assim fico feliz já que foi a escolha perfeita :D

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    2. Dá uma enorme vontade de os conhecer... As conversas que eu ia ter com Agnès por causa das suas ideias psicanalíticas... E com Afonso sobre religião.
      A conversa com Matias fez-me chorar. Matias ficou com uma visão muito clara do que é a Guerra.
      Apesar da maratona valeu mesmo a pena :). Está perfeita... Já perdi a conta às vezes que ouvi esta música desde que publicaste o post!

      E com isto acabei por nem comentar as tuas respostas. Grande Bruxa a D. Isilda, que esteja a arder no inferno. Também não gostei nada do casamento. Só do momento em que ele a casar-se com ela se lembrou de Agnès

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    3. Ai eu com o Afonso sobre a religião é que ia ser, adorei a maneira como ele questionou tudo e como pensava, revi-me :)
      Sabes onde me emocionei?!quando ele foi ter com a filha, ah e quando ele casa com a outra, não aguentei e avancei umas páginas até ele ler a carta e ir ver a filha, claro que depois tive de voltar atrás para ler a parte com o Matias que me tinhas avisado. Acho que qualquer pessoa no lugar do Matias pensaria o mesmo, "por que não eu?!"

      Bitch D. Isilda, tenho dito!ah, e já agora a filha! lol

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    4. Sim, também me revi no Afonso. Com a Agnès era mesmo para a contestar em relação às teorias da psicanálise. Reconheço a importância da psicanálise. Todas as teorias actuais partem dela, mas há tanto para discutir e a Agnès pareceu boa para este tipo de conversas.

      Também me emocionei aí, mas confesso que a conversa com Matias bateu mais forte. Acho que o encontro com a filha foi como se ele conseguisse recuperar um bocadinho da Agnès.
      A D. Isilda é mesmo uma cabra das grandes. Normalmente, as pessoas quando estão à beira da morte ainda confessam alguma coisa que fizeram de mal, mas esta foi cabra até mesmo na morte. A filha é um pãozinho sem sal. Não estava a ver o Afonso adulto com ela. Como sabes eu tinha andado a ver mais à frente. Então eu soube cedo que a Agnès ia morrer. Mas como não tinha lido tudo, pensei que ainda podia ser um engano. Quando na minha segunda viagem às páginas futuras vi que ele casava com a Carolina. Apeteceu-me bater em alguém :P

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    5. Pois como acaba por estar ligado à tua área era engraçado discutires com ela, ainda por cima acho que ela adora pegar nessa área para conversar com as pessoas :)

      Podes crer também fiquei com vontade de lhe bater, e tive aquela reacção de fechar o livro por não estar a acreditar. Casar sei que é um acto normal, mas com aquela rapariga?!ainda por cima sabendo que a D. Isilda, tinha desempenhado um grande papel na sua vida, ainda lhe deu a satisfação de casar com a Carolina?! parece, pronto você fez tanto por mim, agora deixe-me retribuir :S

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