Alma Rebelde, Carla M. Soares
Título Original: Alma Rebelde
Autor: Carla M. Soares
Editora: Porto Editora
Género: Romance Histórico
Páginas: 280
Ano Publicação PT: 2012
ISBN: 9789720043375
Sinopse
No calor das febres que
incendeiam a Lisboa do século XIX, Joana, uma burguesa jovem e
demasiado inteligente para o seu próprio bem, vê o destino traçado num
trato comercial entre o pai e o patriarca de uma família nobre e sem
meios.
Contrariada, Joana percorre os quilómetros até à nova casa, preparando-se para um futuro de obediências e nenhuma esperança.
Mas
Santiago, o noivo, é em tudo diferente do que esperava. Pouco
convencional, vivido e, acima de tudo, livre, depressa desarma Joana,
com promessas de igualdade, respeito e até amor.
Numa atmosfera de
sedução incontida e de aventuras desenham-se os alicerces de um amor
imprevisto... Mas será Joana capaz de confiar neste companheiro
inesperado e entregar-se à liberdade com que sempre sonhou? Ou esconderá
o encanto de Santiago um perigo ainda maior?
Queria ler mais autores nacionais e como tinha bastante
curiosidade neste livro resolvi pegar-lhe e dar uma oportunidade
ao que de bom se faz em Portugal. E se já gostava de romance históricos este
veio consolidar ainda mais este meu gosto.
Quantos casamentos por interesse deve o mundo conhecer? Pois
em pleno século XIX, era costume os pais arranjarem casamentos para garantir
fortuna ou título. E é o que acontece com Joana e Santiago. São forçados
pelos progenitores a entregarem-se a este negócio que vem salvar a família do
noivo. Se Joana é completamente obrigada a deixar a família e partir para longe
de tudo o que conheceu, Santiago só decidirá sobre a proposta conhecendo primeiro a
noiva.
Joana sente-se completamente desamparada e deslocada em Pero
da Moça. É medo que a move e que não a deixa encarar de ânimo leve esta
situação. Sabendo de antemão das várias dificuldades que muitas mulheres passam
quando são moeda de troca por casamentos de conveniência, sente-se cada vez
mais apreensiva sobre quem poderá ser o noivo e qual será a reacção da família
deste.
Santiago é tudo o que Joana não esperava. Não tem bigode nem é um homem carrancudo, mas confiante, optimista, apaixonado e de fácil
trato. Esta reviravolta na personalidade que esperava que o futuro marido tivesse
apanha-a desprevenida e quando dá por si não consegue deixar de se sentir
cativada e sentir o gosto da liberdade que o noivo lhe proporciona. O medo de
Joana começa a ser cada vez menor e a possibilidade de um futuro risonho ao
lado de um homem com o coração do tamanho do mundo, começa a irradiar na vida
dela.
Acho que o único problema foi o insistir no medo de Joana
pois ela entrega-se de alma e coração ao sofrimento que a consome. Não é uma
situação fácil de encarar não conhecer de lado nenhum a pessoa com quem terá de
passar o resto da vida mas ela consumia-se excessivamente antes de conhecer o
Santiago. E foi quando entrou esta personagem em cena que o livro passou a ter
outro alento e uma perspectiva mais alegre.
O retrato social de Portugal no século XIX não foge
muito à realidade actual: maus tratos físicos e psicológicos às mulheres; o
poder que o dinheiro tem nas relações sociais; as relações entre Portugal e o
Brasil que era visto como o país ideal para procurar novas oportunidades e a
maneira como muitas pessoas põem a igreja à frente perante questões como a
sexualidade ou o amor. Outro aspecto pertinente é a educação que as senhoras da
alta sociedade recebiam para se tornarem melhores partidos e consequentemente sinal
de bons (fortuna) casamentos, assim como, o facto de nunca questionarem os maridos mas
acomodarem-se à vida que lhes foi atribuída.
Sinceramente fiquei bastante contente com a minha estreia com esta autora portuguesa. É um romance histórico que não dá apenas ênfase à parte
amorosa mas utiliza como artifícios, para uma narrativa secundária, o lado mais
negro que se respirava em Portugal naquele século.
Citações:
"Não gosto de juras, Santiago. Nem promessas. Quebram-se facilmente."
" A oportunidade para amar sorri-nos a todas, afinal, uma vez que seja, ainda que não como esperamos ou, por vezes, desejamos."
"A emoção toca a nossa vida inesperadamente. É preciso saber abrir-lhe a porta, para entrar no céu."
Classificação: 4 de 5*