O Leitor, Bernhard Schlink
Título Original: Der Vorleser
Autor: Bernhard Schlink
Editora: Asa
Género: Romance
Páginas: 144
Ano Publicação PT: 1998
ISBN: 9789724120096
Sinopse
Michael Berg, um adolescente nos anos 60, é iniciado no amor por Hanna Schmitz, uma mulher madura, bela, sensual e autoritária. Ele tem 15 anos, ela 36. Os seus encontros decorrem como um ritual: primeiro banham-se, depois ele lê, ela escuta, e finalmente fazem amor. Este período de felicidade incerta tem um fim abrupto quando Hanna desaparece de repente da vida de Michael.
Michael só a encontrará muitos anos mais tarde, envolvida num processo de acusação a ex-guardas dos campos de concentração nazis. Inicia-se então uma reflexão metódica e dolorosa sobre a legitimidade de uma geração, a braços com a vergonha, julgar a geração anterior, responsável por vários crimes.
Perturbadora meditação sobre os destinos da Alemanha, O Leitor, é desde O Perfume, o romance alemão mais aplaudido nacional e internacionalmente. Já traduzido em 39 línguas, a obra foi adaptada ao cinema. Para além disso, este romance foi galardoado em 1997 com os prémios Grinzane Cavour, Hans Fallada e Laure Bataillon. Em 1999 venceu o Prémio de Literatura do Die Welt.
É livro é Grande quando mesmo tendo poucas páginas, faz-nos
questionar muitas coisas. Uma delas é se devemos agir segundo aquilo que
achamos ser o melhor para outra pessoa e ir contra a vontade dessa mesma pessoa,
mesmo que seja para o bem dela. Será que devemos atentar contra a vontade do
outro, contra a sua liberdade. Até que ponto aquilo que eu acho que é o melhor
para aquela pessoa, é realmente aquilo que essa pessoa quer?! Também questiona
quantos de nós teríamos a coragem de acatar ou não as ordens de alguém superior
a nós. Se aquilo que os outros nos impõem deverá ou não ser questionado, e mesmo
que seja questionável que alternativas se tem?!
Michael Berg tinha 15 anos quando tem pela primeira vez
contacto com Hanna Schmitz. Bastou a simples ajuda de Hanna por este se estar a
sentir mal para que o primeiro toque físico despoleta-se no amor que depois se
verificou entre aqueles dois seres. Apesar de jovem e de Hanna ter 36 anos não os
impediu de viverem durante algum tempo uma relação e de se amarem. Um amor que também
se foi desenvolvendo através dos livros, a leitura feita por Michael a Hanna,
que ela interpretava e saboreava cada palavra.
É um amor bem intenso, até ao final do livro é possível
testemunhar que um primeiro amor acarreta sempre o peso de ter sido o primeiro
e das primeiras descobertas. Ele como homem descobriu tudo o que tinha a
descobrir com Hanna, desde as suas fantasias até à maneira como as outras
mulheres não lhe cheiram ou soavam como ela. Mas quando descobre o que pensa
ser a verdadeira Hanna, mesmo não querendo entrar novamente na vida dela,
encontra outra maneira de acalmar o seu ser e transmitir-lhe através do
recomeço das leituras gravadas em cassetes, aquilo que não mais vai conseguir
dizer-lhe. É-lhe difícil entrar pelo caminho do equilíbrio entre a preocupação
e a incompreensão. Contudo é mais fácil entrar pelo do embotamento.
Para não mostrar as suas fraquezas, Hanna aprendeu a viver
uma vida de fugitiva e de obstinada determinação, que a levou a aceitar a pior
das consequências para não dar a parte fraca. Depois de ter desaparecido da
vida de Michael e quando este assiste ao julgamento de ex-guardas dos campos de
concentração, percebe que Hanna pretende “a via mais fácil” do que assumir que
é analfabeta. Apesar do que essa via representa, deu-lhe em 18 anos, a
possibilidade de aprender a ler e a escrever, muito graças às leituras gravadas
de Michael. Mas não seria esta também uma maneira de calar os seus remorsos?!
Este livro traz a lume pertinentes questões, não basta os
jovens nos Anos 60/70 enveredarem por caminhos de ódios e incompreensões sobre
a crueldade de Hitler mas também sobre toda a geração dos seus pais que viveram
durante esse regime e nada fizaram. Muitos porque ignoravam, outros porque
apoiavam, outros porque não viam outra alternativa, muitos porque viviam
igualmente com medo. Como se costuma dizer “ se não os podes vencer, junta-te a
eles” pode ser a máxima de muito dos que viviam sobre o regime nazi. Podemos
condená-los?! Sim, é fácil fazê-lo mas se fossemos nós, que faríamos de
diferente?!
Bernhard Schlink elaborou de tal maneira mente deste protagonista
que as suas próprias dúvidas e estado de embotamento me parecem demasiado
reais. É fácil dizer que a vida é preto no branco, e com certeza muitos tentam
levar a cabo esta máxima, mas só quando nos apanhamos presos numa teia é que
percebemos que as nossas decisões podem trazer consequências irreversíveis e
tanto nos podem prejudicar a nós próprios como aos outros. Nem tudo é tão
linear assim, e a vida não o é mesmo. E o que ficam são os defeitos – culpa,
remorsos, crueldade, impotência - que desde sempre tentámos aniquilar.
Citações:
“Não quero dizer que o pensamento e a decisão não tenham alguma
influência na acção. Mas a acção não decorre só do que foi pensado e decidido
antes. Surge de uma fonte própria, é tão independente como o meu pensamento e
as minhas decisões.”
”Há coisas em que não podemos envolver-nos e às quais temos
que nos negar, a não ser que nos custem a vida.”
“Mas, no caso dos adultos, não encontro com facilidade
justificação para impor a alguém algo que um outro acha que é bom para ele, preterindo
que o primeiro acha que é bom para si próprio.”
“Pensei que, quando se deixa passar o momento certo, quando
alguém recusou algo tempo de mais, quando algo nos é recusado algo tempo de
mais, esse algo chega forçosamente demasiado tarde mesmo que seja realmente
desejado com força e acolhido com alegria.”
Classificação: 4,5 de 5*
Quero muito ler este livro e a tua opinião ainda contribuiu mais para este desejo! *.*
ResponderEliminarÉ um bom livro bastante filosófico e que levanta questões, vale a pena :)
EliminarÉ um livro que eu tenho muita curiosidade em ler..
ResponderEliminarAdorei como sempre a opinião..
Beijinhos*
Como é pequenino lesse bem, não o li mais rápido porque pus-me a ler outro. Mas vale a pena.
EliminarObrigada :)
Como já vi o filme e gostei bastante em princípio não vou ler o livro mas gostei de ler a tua opinião. Não tinha ideia que o livro era tão pequeno. Beijos:)
ResponderEliminarPõe pequeno nisso, eu tenho de ver agora o filme mas espero gostar, não ando é com grande de ver filmes "pesados"
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