Opinião Livro

O Segredo da Casa de Riverton, Kate Morton



Título Original: The House of Riverton
Autor: Kate Morton
Editora: Porto Editora
Páginas: 480
ISBN: 978-972-0-04160-9

Sinopse

Como sobrevivem os que presenciam a tragédia?

verão de 1924
Na noite de um glamoroso evento social, um jovem poeta perde a vida junto ao lago de uma grande casa de campo inglesa. Depois desse trágico acontecimento, as suas únicas testemunhas, as irmãs Hannah e Emmeline Hartford, jamais se voltariam a falar.


inverno de 1999
Grace Bradley, de noventa e oito anos de idade, antiga empregada da casa de Riverton, recebe a visita de uma jovem realizadora que pretende fazer um filme sobre a morte trágica do poeta.
Memórias antigas e fantasmas adormecidos, há muito remetidos para o esquecimento, começam a ser reavivados. Um segredo chocante ameaça ser revelado, algo que o tempo parece ter apagado mas que Grace tem bem presente.
Passado numa Inglaterra destroçada pela primeira guerra e rendida aos loucos anos 20, O Segredo da Casa de Riverton é um romance misterioso e uma emocionante história de amor.



Primeiro que tudo quero agradecer à Catarina do Páginas Encadernadas por ter disponibilizado este livro. E agora a minha opinião:



A narradora Grace recorda já com os seus 99 anos o tempo vivido em Riverton como empregada. Do ano 1999 volta a encaixar todas as peças do puzzle desde que entrou naquela casa, em 1914, até ao trágico acontecimento que marcou a sociedade da época, em 1924. Um filme sobre a família Hartford e a vontade de deixar memórias suas em cassetes para o seu neto são as maneiras de voltar a relembrar os tempos do século XX.

Grace emaranha-nos nesta história de amor e desamores, traição, solidão, amizade, protecção e segredos. É naquela casa que tem contacto com as irmãs Hannah e Emmeline Hartford, netas dos seus patrões e ex-patrões da sua mãe. Da pouca convivência que tem em adolescente com as raparigas embora mostrando grande empatia e gosto pela vida de ambas, em adulta passa a ser o braço direito de Hannah, a considerada criada de uma senhora. E é ela a única herdeira da misteriosa morte de um poeta, Robbie Hunter.


Hannah a jovem com sede de conhecimento e instrução. Uma jovem que queria ser independente e poder trabalhar. Gostei bastante desta personagem, uma mulher de armas e que gostaria de estar sempre na frente de batalha, apesar de viver num século em que as mulheres tinham de se restringir ao máximo. Casamento e filhos deveriam ser apenas os objectivos femininos, Hannah procurando obter independência aceita que o passe para esse fim seja o casamento com Theodore Luxton, um poderoso filho de um empresário. O que não esperava era que o casamento fosse tudo menos isso. Mas alguém do passado regressa trazendo memórias e desejos à muito escondidos e fá-la retomar o gosto pela vida.

Emmeline não podia ser mais diferente da irmã. Adora o tipo de vida proporcionada pela alta sociedade e embora em adolescente pensasse que o casamento é o ideal, já em adulta, durante os Loucos Anos 20, as suas vivências passam a ser outras e o modo de estar em sociedade também. Festas e mais festas, aparecer em capas de revistas e conhecer pessoas são os seus únicos objectivos. Achei esta personagem um pouco mimada, com necessidade de se destacar, superficial e ciumenta. Mesmo o facto de Robbie amar a irmã não permite que esta seja feliz só para não fazer de si infeliz. E é nesta sequência que as únicas conhecedoras da morte de Robbie Hunter partilham em comum um segredo. O segredo que ditou uma escolha.


Costuma-se desesperar quando sabemos que existe um segredo e nunca mais nos é revelado, mas Kate Morton conseguiu de tal maneira ludibriar o leitor com as histórias que levaram até ao momento fatídico, que o segredo em si passou, por assim dizer, para segundo plano. Ligando brilhantemente o passado com o presente é fácil encadear toda a narrativa. O momento da 1º Guerra Mundial que levou milhares de jovens a lutam em nome da pátria; muitos regressaram traumatizados, como Alfred ou Robbie, outros nem regressaram, caso de David Hartford ou Major Hartford.Todas as descrições feitas sobre aquela época são maravilhosas, o ambiente antes e depois da guerra, o início da sociedade moderna e o medo que isso causava aos conservadores, ou as reviravoltas que a vida de uma simples empregada sofre até se tornar arqueóloga e viver com o único amor da sua vida.

Um livro maravilhoso que sabe prender o leitor e apesar de não ser baseado numa história verídica bem parece com personagens bem reais e marcantes, assim como, pela beleza da escrita e das descrições presentes. Daria um belo filme. Quem ainda não o leu não sabe o que está a perder ;)

Mais um vez, obrigada Catarina.

Citações:



“Quero saber como é ser mudada pela vida.”

“Mas a felicidade... a felicidade cresce na nossa própria lareira, não se colhe em jardins alheios.”


“Só quem está infeliz no presente procura conhecer o futuro”

Classificação: 5 de 5*
 

 



4 comentários:

  1. Excelente opinião, também adorei o livro! :)

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  2. "Costuma-se desesperar quando sabemos que existe um segredo e nunca mais nos é revelado, mas Kate Morton conseguiu de tal maneira ludibriar o leitor com as histórias que levaram até ao momento fatídico, que o segredo em si passou, por assim dizer, para segundo plano."
    Não podia concordar mais :D

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