Pedaços de Ternura, Dorothy Koomson
Título Original: Marshmallow for Breakfast
Autor: Dorothy Koomson
Editora: Porto Editora
Páginas: 448
ISBN: 978-972-0-04159-3
Sinopse
Poderá um estranho curar o seu coração?
Kendra
Tamale regressa a Inglaterra, fugindo de velhas mágoas e em busca de um
novo começo. Conhece Kyle, pai de duas crianças e separado, de quem se
aproxima, contra todas as suas expectativas.
Então, um terrível
encontro com o passado obriga-a a enfrentar os seus fantasmas. Não
consegue dormir, é despedida e a sua relação com Kyle e as crianças fica
debilitada. A única forma de remediar a situação é confessar o erro
terrível que cometeu há muitos anos atrás - algo que prometeu nunca
fazer...
Dorothy Koomson tem o poder de focar em alguns livros temas
actuais e inquietantes. Este livro não é excepção. Aborda tanto o alcoolismo, o
divórcio, violação, bem como a maneira como as crianças são retratadas durante
a separação dos pais. E depois de saber que este livro não é tão acarinhado como outros dela, fiquei reticente. Mas acabei por adorá-lo.
Kendra Tamale regressa a Inglaterra depois de ter vivido
alguns anos na Austrália. Foi lá que tentou normalizar a sua vida dos traumas
que a levaram a fugir até ali. Como se não basta-se o facto de viver agarrada a aspectos
passados, conhece Will, um homem casado, por quem se apaixona. Não é fácil este
amor e apesar de correspondido, as consequências não se fazem esperar e, mais
uma vez, vê-se forçada a fugir ao único amor que conheceu.
Já em Inglaterra tenta recomeçar a sua vida. Volta para o
antigo emprego e de repente começa a fazer parte da família do senhorio. Sem
querer envolver-se demais com Kyle e os gémeos, Summer e Jaxon, e criar uma
ligação a estes, tenta viver a sua vida para além deles. Mas depressa percebe que começa a ser um elemento necessário a
esta família despedaçada. Se ela ajuda Kyle a lidar com os filhos, estes
reciprocamente começam a tratá-la como uma segunda mãe. Já Kendra consegue de
alguma forma libertar-se das amarras do passado que tanto a fazem sofrer. No início
não é fácil mas depois de conseguir confiar a 100% em Kyle conta-lhe a
verdadeira razão de viver tão atormentada.
O que me agradou neste livro foi o facto que quando algo traumático
acontece na vida de qualquer um de nós, há maneiras bem diferentes de reagir a
isso. Por isso, acho que a Dorothy captou muito bem a essência de uma mulher
que prefere sofrer sozinha do que deixar alguém entrar no seu mundo. O facto de
um casamento poder estilhaçar pela negação que é tanto feita pelo homem ou a
mulher alcoólica. Viver em negação é pior do que admitir os problemas, pois
assim, nunca se consegue perceber o alcance que o problema traz para a vida
daqueles que o vivem. Pode destruir casamentos, a relação com os filhos e a
maneira como estes vêem os pais, assim como, carreiras e a vida social. Por isso,
adorei esta história. Não há sempre finais felizes, mas os finais que fazem as
pessoas sentirem-se melhores consigo mesmas e encarar uma nova realidade. E haverá
algo melhor do que aprender a gostar de nós mesmos e aceitarmo-nos como somos?!
Gosto quando a autora intercala aspectos passados da vida
das personagens com aspectos do presente. É uma bela forma de mostrar ao leitor
o porquê da personagem agir de certa maneira no tempo actual. Simplesmente mostra
que para tudo o que fazem ou não fazem há uma explicação plausível.
Esta escritora é fantástica. É realmente capaz de me deixar
de boca aberta com o rumo que toma às histórias. Sinceramente houve poucos
livros que não consegui resistir e tive de recorrer ao final e este não foi
excepção, estava a ver que ainda dava em doida.
Ela consegue realmente agarrar
o leitor e consegue gerar-lhe diversas emoções pelas personagens. Ora odiamos
mas no momento seguinte já adoramos, e vice-versa. É uma história emotiva a que não se
consegue ficar indiferente.
Eu não fiquei, já li alguns livros dela [Bons Sonhos, Meu Amor; O Amor Está no Ar e Amor e Chocolate], mas este marcou-me bastante.
Recomendo.
Entretanto vou ler o tão afamado A Filha
da Minha Melhor Amiga.
Citações:
"Nunca devemos subestimar a capacidade de um gesto de compreensão para nos fazer sentir verdadeiramente horríveis."
"Por vezes, penso que a melhor forma de esquecermos e de seguirmos em frente é experimentar. Vermos por nós próprios se vai resultar ou não. Sairmos magoados, se não resultar, e, depois, aprendermos a ultrapassar isso."
"A esperança só é útil se fizermos alguma coisa com ela. Ficarmos de braços cruzados, a esperar que algo resulte, e esperarmos que algo resulte enquanto fazemos tudo ao nosso alcance para nos assegurarmos de que isso acontece são duas coisas completamente distintas."
Classificação: 4 de 5*