Opinião Livro

Por Ti, Resistirei, Júlio Magalhães



Título Original: Por Ti, Resistirei
Autor: Júlio Magalhães
Editora: A Esfera dos Livros
ISBN: 9789896263256
Páginas: 250

Sinopse

Carlos e Nicole conheceram-se nas ruas de Paris. As tropas alemãs avançavam em passo forte e determinado, mas todos acreditavam que a capital francesa estava a salvo da loucura de Adolf Hitler. Enganavam-se. Em poucas semanas, as tropas nazis estavam às portas de Paris e milhares de refugiados procuravam salvação. Nicole encontrou-a em Bordéus pelas mãos do embaixador Aristides de Sousa Mendes que lhe entregou um visto para chegar até Portugal, onde finalmente cairia nos braços do seu amado. Longe da guerra, longe do perigo, longe do estigma de ser judia, seria finalmente feliz. Mas há preconceitos que são difíceis de quebrar e mais uma vez os dois amantes são obrigados a seguir caminhos diferentes.

Carlos fica em Lisboa, entre os negócios do pai, um homem influente na sociedade salazarista e a doença da mãe. Nicole parte para Londres, uma cidade que vive dias dramáticos sob a ameaça de ser bombardeada pela aviação alemã. Participa no esforço de guerra da melhor forma que sabe, vestindo a farda de enfermeira, pondo em risco a sua vida para ajudar os outros. Na esperança de conseguir esquecer Carlos. Contudo no meio dos escombros da Segunda Guerra Mundial há um amor capaz de resistir a tudo.




Comecei esta leitura com uma ideia da história que afinal não tinha nada a ver. A culpa foi minha que acabo muitas vezes por ler a contracapa na diagonal. Ou seja, pensava que a história se ia centrar na dificuldade dos protagonistas serem felizes por causa da Segunda Guerra Mundial, e nunca que o único empecilho fosse o pai do protagonista. Dito isto, esta foi a minha primeira leitura do Júlio Magalhães e não consegui ficar fã.

O desenrolar da narrativa é tão rápido que é difícil perceber como o autor não desenvolveu a história, ainda por cima, passada numa época tão rica de acontecimentos. É que basicamente de Junho a Outubro de 1940 passou-se tamanha ocorrência na história mundial e a dos protagonistas avança sem grandes entraves. Os próprios capítulos ao serem tão curtos cedo nos apercebemos da rapidez com que a obra flui e na pobreza de descrições. E se calhar foi a falta delas e a falta de bons diálogos que tornou o romance sem grande chama.


Nicole uma jovem de 22 anos, judia, que vive sozinha em Paris e a estudar enfermagem, vê-se a enfrentar, assim como muitos judeus, o abandono do próprio país para fugir aos ideais nazis. Mas antes mesmo de isso acontecer, conhece Carlos, um jovem português, estudante em Paris e filho de um dos homens mais importantes do nosso país, e com larga influência no governo de Salazar. Com a mãe doente em Portugal e sendo esta a única que sempre o amou, resolve voltar a casa para a ver. Só que é nesse período de tempo que Paris é atacada pelos alemães e Nicole não tem outra solução, a não ser, seguir as directrizes de Carlos e partir para Bordéus para conseguir o visto com o cônsul português, Aristides de Sousa Mendes.

Depois consegue chegar a Lisboa, vive feliz com Carlos e com o casal belga, que conheceu nesta sua jornada, até que é ameaçada pelo pai de Carlos, Alfredo Magalhães, e então, resolve dar o seu contributo na guerra como enfermeira e partir para Inglaterra, juntamente com o casal belga. E enquanto isto, Carlos não percebe como ela o deixou e num dia é-lhe dito que a amada morreu vítima de um atentado alemão. Depois descobre por uma fotografia numa revista que ela está bem de saúde. Vai atrás dela e chega a Londres e ela está entre a vida e a morte. Mas fica bem depois de o ver e o sentir ao pé de si, e apenas lhe diz "por ti resistirei... Carlos." E vivem felizes, em Paris, já em 1945. E pronto, a história é tão simples quanto isto. 

Custou-me um pouco o facto de Carlos não questionar mais as intenções do pai, eles não se davam nada bem e sabia bem que Alfredo só pensava nos seus interesses e negócios. Acho que devia ter ficado mais de pé atrás com toda aquela situação, sabendo de antemão que o pai mandou um detective vigiá-los, é porque tinha algum problema com tudo aquilo. 
Mas gostei de certos pormenores que acabaram por marcar a diferença. A visão de Portugal da guerra, como recebíamos e víamos os refugiados, também a influência dos homens de poder e com dinheiro, ou a aura de Lisboa, em comparação com Paris ou Londres.


Com uma escrita directa e leve, um livro perfeito para quem quer uma leitura rápida numa tarde passada na praia ou numa esplanada. Apesar de ser um romance que pouco traz de novo, continuo com vontade de ler mais obras do autor.

Citação:

"Tudo o que estamos a pensar não fazer ou adiar para mais tarde pode simplesmente nunca ter lugar porque o destino nos põe no local errado à hora errada."

Classificação: 3 de 5*
 

 
 

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