Opinião Livro


Perdida, Carina Rissi


Título Original: Perdida
Autor: Carina Rissi
Editora: Baraúna
Páginas: 472
ASIN: B0055U88JU 
 
Sinopse
 
Sofia vive em uma metrópole e está habituada com a modernidade e as facilidades que isso lhe proporciona. Ela é independente e tem pavor à menção da palavra casamento. Os únicos romances em sua vida são os que os livros lhe proporcionam. Mas tudo isso muda depois que ela se vê em uma complicada condição.
Após comprar um novo celular, algo misterioso acontece e Sofia descobre que está perdida no século XIX, sem ter ideia de como ou se voltará. Ela é acolhida pela família Clarke, enquanto tenta desesperadamente encontrar um meio de voltar para casa.
Com a ajuda do prestativo Ian, Sofia embarca numa procura às cegas e acaba encontrando algumas pistas que talvez possam levá-la de volta para casa. O que ela não sabia era que seu coração tinha outros planos...

Este foi o primeiro livro que leio de uma escritora brasileira e acabei por querer lê-lo porque a sinopse me agradou bastante. Quem não gostaria de saber como uma pessoa do século XXI se iria desenrascar no século XIX. Pois esta foi a premissa deste livro e acabou nas minhas boas graças, porque afinal, não há modernidades que superem o amor.

Sofia Alonzo é uma jovem de 24 anos que todos os dias tem de enfrentar um patrão mal-humorado para conseguir pagar as suas despesas. Desde que os pais morreram apenas pode contar com a sua melhor amiga, Nina, e no namorado desta, Rafa, apesar de não gostar muito dele. Uma jovem trabalhadora e independente, para ela o amor verdadeiro não existe e o é-lhe difícil aceitar o casamento, por isso, custa-lhe que Nina queira ir viver com o namorado. Mas se leva uma vida em que faz o que quer e bem lhe apetece, o mesmo não pode dizer das novas tecnologias, já que é completamente dependente delas. E quando numa saída à noite com Nina, deixa cair o telemóvel na sanita, pensa que mundo acabou. Claro que no dia seguinte, mesmo ressacada, a primeira coisa que tenta obter é um telemóvel.

Ai uma vendedora um pouco suspeita tenta-lhe vender um telemóvel todo xpto, ela bem estranha a atitude da senhora que vem com uma conversa que é o último exemplar raro e especial que tem, mas como precisa mesmo de um telemóvel e aquele é tão apelativo, deixa-se fiar na conversa e acaba por o adquirir. Quando sai porta fora, e tenta ligar o novo aparelho ele não funciona e quando se dirige novamente à loja o telemóvel uma luz ofuscante aparece e quando ela dá por si está num campo deserto. 

Ela torpeça numa pedra e nesse instante chega um rapaz num cavalo que a tenta ajudar. Claro que imediatamente ambos percebem que ali se passa alguma coisa, ela veste roupa e calça algo muito impróprio e fala de uma maneira estranha. Ele a falar é um autêntico cavalheiro e fica embaraçado quando vê as pernas dela, e quando Sofia percebe que há carruagens, mansões antigas e que as mulheres vestem espartilhos e usam sempre chapéus, pensa que ficou doida. Apesar da bondade do rapaz chamado Ian, ela descobre que está a viver dois séculos atrás do seu, em 1830.


A partir daqui começa a demanda dela em tentar arranjar maneira de sair dali, apesar de a vendedora lhe ter dito que ela ia encontrar aquilo que sempre procurou e lhe ir dando directrizes pelo telemóvel, Sofia só pensa que a senhora se enganou e não há qualquer maneira de viver numa era sem novas tecnologias. Aos poucos, enquanto tenta voltar para o seu mundo, começa a aproximar-se de Ian, e mesmo sem querer que isso aconteça apaixona-se por ele, o que começa a tornar a sua vontade de voltar para o séc. XXI complicada. E será que ela percebeu aquilo que procurava?

A irmã de Ian, Elisa, a governanta Madalena ou o Sr. Gomes também são personagens importantes nesta história. Todos criam empatia pela Sofia o que ainda dificulta ainda mais a sua vontade de voltar. Até Storm, o cavalo obstinado de Ian tem um papel essencial. E claro, o momento da verdade que é confirmado com o livro preferido de Sofia, Orgulho e Preconceito
A química do casal é forte mas não posso esquecer os momentos hilariantes que Sofia passa com a “amostra” da casa de banho ou o que era utilizado como papel higiénico. Também o momento que ela pede uma navalha para fazer depilação. Ou as gírias dela e depois ter de as “traduzir”. Não podemos esquecer que qualquer um de nós desta era ia ficar maluco com o que ia encontrar ali, e ela não foi excepção.


Gostei de ler este livro, foi interessante ver as dificuldades dela e as soluções que tentava arranjar, a escrita é fluída e tem uma linguagem corriqueira. As personagens são óptimas, só tenho mesmo pena de o Ian não ser mais velho, ele tem 21 anos e não sei isso custou-me a aceitar. E que dizer da capa, está fantástica e retracta muito bem a maneira dela se comportar naquele século. Recomendo.
 
Citações:

"E quando não estou com você, meu peito fica vazio, como se meu coração se recusasse a bater até que lhe encontre novamente. Sinta! Ele diz Sofia, Sofia, Sofia! Tem sido assim desde a primeira vez que a vi. Desde aquele instante percebi que não era mais dono do meu coração, que ele não me pertencia mais. Então — ele tocou meu rosto, deslizou os dedos por meu pescoço e acabou os prendendo em minha nuca. — Não diga que não existe “nós”!"


"Entendi algumas coisa nos últimos dias. Eu estava ali para aprender. Aprender a amar, eu pensava. Não sabia realmente se mais alguém do futuro estava ali, mas já não importava mais. Eu não tinha mais pressa de voltar, não queria voltar. E aprendi que uma vida simples podia ser a mais complexa de todas, a mais feliz de todas, principalmente se o amor da sua vida estivesse ao seu lado. E eu tinha Ian ao meu lado, que era, de muitas maneiras, mais que o amor de minha vida. Era minha “vida” propriamente dita. Sentiria falta de toda a modernidade, é claro, porém, agora sabia que poderia sobreviver sem elas. Mas eu não poderia sobreviver sem Ian, tinha certeza disso."


"Vou explicar melhor, querida. Imagine que todas as pessoas tem sua outra metade e, que algumas vezes, passam por ela sem nem mesmo notar. Outras pessoas são mais atentas e as notam e tem a chance de escolher, de ser feliz por toda a vida."
 

 
 
Classificação: 4 de 5*
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário