As Serviçais, Kathryn Stockett
Título Original: The Help
Autor: Kathryn Stockett
Editora: 11x17
Género: Romance
Páginas: 635
Ano Publicação PT: 2013
Sinopse
Skeeter tem vinte e dois anos e acaba de regressar da universidade. Pode ter uma licenciatura, mas estamos em 1962, no Mississípi, e a sua mãe só a irá deixar em paz quando a vir com uma aliança no dedo. Provavelmente a jovem encontraria conforto junto da sua adorada Constantine, a empregada negra que a criou, mas esta foi embora e ninguém lhe diz para onde.
Aibileen é uma empregada negra que criou dezassete crianças brancas. Mas desde que o seu próprio filho morreu, algo mudou dentro de si. Quem a conhece sabe que tem um grande coração e uma história ainda maior para contar. Minny, a melhor amiga de Aibileen, é a mulher com a língua mais afiada do Mississípi. Cozinha divinamente, mas tem sérias dificuldades em manter o emprego… até ao momento em que encontra uma nova e insólita patroa.
Estas três personagens extraordinárias vão cruzar-se e iniciar um projeto clandestino que as vai colocar a todas em perigo. E porquê? Porque estão a sufocar com as barreiras que definem a sua cidade, o seu tempo e as suas vidas.
Adoro a temática e a maneira como a autora soube usá-la, mas
não posso deixar de não concordar com o final. Sei que representa uma época
bastante complicada em pleno século XX nos EUA mas sinceramente o fim é como
andar a lutar por uma causa mesmo com medo das repercussões e quando tudo
eclode cada um vai para o seu lado.
Centrada em três personagens: Aibileen, Minny e Skeeter. As
duas primeiras são criadas negras que trabalham para brancos. A última é uma
rapariga branca que acabou os estudos universitários e voltou para casa dos
pais. Enquanto Aibileen tenta sobreviver sozinha depois da morte do filho;
Minny tem bastantes preocupações para com os seus cinco filhos e o marido alcoólico
e problemático; e Skeeter tenta encontrar algo que a satisfaça profissionalmente
e não ir pela via mais rápida que é casar e ficar em casa com filhos nos
braços.
Apesar das vidas diferentes estão unidas com um único propósito:
mostrar aos brancos como que são tratadas por estes. Uma forma de alertar a sociedade
para a segregação racial e social pela via de um livro, pretendendo chocar,
abalar as estruturas mentais mas também contar histórias tocantes e de simpatia
que alguns patrões conseguem mostrar. Dentro da história escrita por Skeeter
estão mil e uma de várias criadas que resolveram dar a voz e assim ajudar a dar
forma ao livro Help. Um livro que é funciona como catarse para aquelas mulheres.
Ajuda a reflectir no ódio e sentimentos que os brancos
tinham para com outros seres humanos de cor diferente. O facto de a cor ser
motivo de discriminação para usar uma casa-de-banho, um autocarro, entrar pela porta da frente na casa de um branco, usar a mesma loiça. Mas para cuidar dos filhos, dar-lhes colo ou ensinar-lhe o que os pais nem se davam ao trabalho, já não havia qualquer problema. Basta que haja restrições para umas coisas mas para outras não é necessário, a ajuda até é tão bem vinda. Era a educação que recebiam no Mississipi, tratar uma empregada como criada ou como nada mas esta nunca seria prescindível, mesmo que fosse muito insuportável ter uma pessoa negra debaixo do mesmo tecto que um branco. A educação que não ensinou a tolerância e nem a verdadeira bondade, mas a hipocrisia e falta de valores morais.
Eu bem queria ter adorado em pleno este livro, e não é que
ele não seja bom. Talvez até tenha demorado a formar uma opinião acerca dele
para perceber se a extensão do final ainda se ia repercutir quando estivesse a
escrever esta review. E cá continua, para mim aquele final foi do género de
atirar as pessoas aos tubarões e vê-se te salvas. Talvez se a autora não
tivesse decidido que as patroas iam perceber quem podia ser quem, e depois no
final cada uma fosse para o seu lado, tudo bem. Agora a Skeeter toma a decisão de
o escrever e abandona o barco quando recebe uma boa proposta de trabalho,
enquanto as duas criadas ficam para trás a aturar os possíveis ataques dos tubarões.
Acho que a autora podia ter contornado melhor este aspecto para que continuasse
a ter algum tipo de impacto nos patrões e consequentemente o medo das criadas
não fosse o de serem descobertas por terem dito o que disseram, mas apenas por
pertencerem à classe oprimida.
Consegui obter mesmo assim um bom momento com este livro,
mostrou-me muitas verdades e não é difícil não sentir empatia pela história de
mulheres e homens que trabalham para melhorar a vida de outros que não lhes
agradecem na mesma moeda. Só que para um tema tão revoltante e delicado merecia
uma final mais humano, como foi o resto do livro. E não estou a pedir um final
cor-de-rosa…
Citação:
“Sinto aquela semente de amargura crescer dentro de mim,
aquela que foi plantada depois da morte do Treelore. Quero gritar tão alto que
a bebé me ouça, que a sujidade não é uma cor, que a doença não é o lado negro
de uma cidade. Quero impedir que aconteça aquele momento – e acontece, na vida
de todas as crianças brancas – em que começam a pensar que os pretos não são
tão bons como os brancos.”
Classificação: 3,5 de 5*
Falam muito bem deste livro! Apesar de não teres adorado, a tua opinião deixou-me curiosa, sobretudo em relação ao tal final! :p
ResponderEliminarBeijinhos e boas leituras!
Olha que os finais para mim têm grande peso e mais ainda quando são livros que pretendem retratar uma realidade bem real e para isso este fim não podia ter sido assim...apesar de ele ser fantástico o fim estragou tudo :S
EliminarMas lê vale a pena :)