Opinião Livro

Agnes Grey, Anne Brontë


Título Original: Agnes Grey
Autor: Anne Brontë
Editora: Book.it
Género: Romance Histórico
Páginas: 286
Ano Publicação PT: 2013
ISBN: 9789897171291

Sinopse

Agnes Grey é um retrato gritante do isolamento, estagnação intelectual e apatia emocional que rodeava muitas das governantas de meados do século XIX.

Uma novela em tom muito intimista, escrita a partir da experiência da própria autora, afirmou-se como um marco da literatura que lida com a evolução social e moral da sociedade inglesa.




Este foi o meu primeiro romance das irmãs Brontë, por isso, ainda desconheço os seus mundos literários. Porém este livro, segundo leva a crer, é um romance autobiográfico de Anne Brontë, pois ela própria foi preceptora e começou a trabalhar jovem para ajudar a família. Também foi a sua primeira obra publicada mas sob o pseudónimo de Acton Bell.

Agnes Grey aos 19 anos decide que é mais do que tempo de ajudar a família, que passa por dificuldades financeiras. Sentindo-se capaz de ser preceptora aceita o desafio indo trabalhar para a casa de uma família com quatro filhos. Esta primeira experiência revela-se pouco produtiva e bastante frustrante para Agnes. Contudo ela tenta não se deixar abater e não ter momentos de fraqueza, pois ao tê-los sente que está a desiludir a sua família. Mas quando aquela família começa a sentir poucos efeitos de mudança nos filhos resolve dispensar Agnes.


Assim, mesmo voltando para a casa dos pais não desiste de continuar a procurar outro lugar para trabalhar. Quando o encontra, a família revela-se mais do mesmo. As duas jovens adolescentes mais velhas, Rosalie e Matilda, desafiam-na constantemente e muitas vezes tratam-na pior que qualquer outro ser insignificante. Ela não se deixa iludir e desiste de as repreender porque sente que nada as fará mudar. Apreende que vivendo num ambiente de egoísmos, vaidades, ignorantes e egocentrismos é difícil provocar a mudança seja em quem for. Mas também tendo ela tido uma educação e carinho diferente comparada com estas famílias pouco ou nada faz para mudar a sua situação de mulher solitária.
  
A história tem um ritmo natural mas é pouco dinâmica, pois as experiências com uma e outra família são uma repetição. Em ambas as crianças se revelam insuportáveis e os pais pouco ou nada têm controlo nos filhos, e Agnes tem continuamente a mesma postura nunca saindo do mesmo registo de menina de boa educação. O que revela que a autora provavelmente quando foi preceptora se sentia segura de si e fiel aos seus princípios, e que afinal os outros que estavam errados e não ela. O que nem sempre é assim, pois se queremos operar a mudança nos outros também o temos de fazer connosco próprios, e aqui Agnes falhou redondamente.

 


O que me cativou foi a escrita simples e sem floreados que muitos romancistas nesta altura usavam. Foi fácil acompanhar esta história e senti-la, e querer mesmo que se operasse uma mudança realmente boa na vida de Agnes, porque mesmo sendo uma história morna gosto quando os finais são satisfatórios.




Citações:

“Ninguém pode esperar que a pedra seja tão maleável como o barro.”

“Os laços que nos prendem à vida são mais fortes do que muitas vezes imaginamos, ou do que supõe quem nunca sentiu quando se podem forçar esses laços sem quebra-los. Sentia infeliz se não tivesse a sua casa, mas continuaria mesmo assim a viver e não se sentiria tão desgraçada como poderia imaginar. O coração humano é como a borracha, uma coisa pequena o faz inchar, mas uma coisa muito grande dificilmente o estala. Se às vezes uma coisa de nada o perturba, é preciso outra enorme para o quebrar.”


“A vaidade excessiva é como o alcoolismo, endurece o coração e diminui as faculdades, e percebi que não são só os cães que, uma vez satisfeitos, choram o que não puderam comer e olham com rancor para o mais insignificante bocadinho que outro cão faminto vai devorar.”

Classificação: 3,5 de 5*
 

4 comentários:

  1. Concordo com a tua review:) O que também gostei bastante neste livro foi a sua escrita e já tenho outro livro da autora para ler neste ano. Beijos

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    Respostas
    1. Fantástica mesmo, mas esse que estás a falar não há em português pois não?
      Também gostava de ver se mantinha a mesma escrita ;)

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    2. Acho que existe uma edição em português da Europa América do Tenente de Wildfell Hall..não sei é se é fácil de se obter

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    3. A book.it é que devia aproveitar já que comercializa livros que nenhuma outra pensa em comercializar ;)
      E aqueles preços *:*

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