A Delicadeza, David Foenkinos
Título Original: La Délicatesse
Autor: David Foenkinos
Editora: Editorial Presença
Género: Romance
Páginas: 232
Ano Publicação PT: 2011
ISBN: 9789722345750
Sinopse
Nathalie e François podiam ser personagens de um conto de fadas. Mas um dia o destino desfere um duro golpe, quando François é atropelado e morre pouco depois. Para Nathalie, a dor é insuportável e parece prolongar-se eternamente. Até que, num momento irrefletido, Nathalie surpreende Markus, um colega de trabalho, com um longo e intenso beijo…
O que David Foenkinos nos oferece neste romance, que explora o lado mais lúdico da ficção, é uma análise séria, inteligente e bem-humorada do comportamento amoroso, capaz de nos fazer apaixonar pelos dois protagonistas e de nos envolver profundamente no seu drama humano. Combinando o drama e a esperança, A Delicadeza é um romance que nos desperta os sentidos.
Nathalie tinha uma vida perfeita. Tudo corria sobre rodas,
um marido apaixonadíssimo, um casamento sólido, uma carreira estável. Mas um
livro marcaria o antes e o depois da última corrida feita por François.
Sem conseguir reformular uma vida para além daquela
partilhada com François, deixasse embrenhar pelo tempo que não consegue diluir
a presença dele perto de si. Tudo lhe faz relembrar o tempo passado, o tempo
em que ele não é mais do que lembranças. Mesmo quando o chefe a tenta seduzir e
fazê-la esquecer a presença omnipresente do marido, apenas consegue ser
realmente franca e dizer que entre eles nunca irá existir nada porque não vê
como poderá voltar amar outro homem. Mas num momento de profunda consternação
tem como reacção beijar a primeira pessoa que lhe aparece à frente, neste caso
Markus.
O amor nasce na delicadeza das emoções e das acções numa
crescente espiral que os transforma a ambos, aos que os outros dizem ser impossível
uma relação entre duas pessoas de mundos opostos. Markus no seu modo estranho
de encarar o mundo, o pragmatismo de quem é sueco dá a volta à vida de
Nathalie que apenas procura a estabilidade emocional depois da corrente de
emoções que a morte de François lhe deixou. E não são as aparências que fazem
uma pessoa mas a pessoa é que faz a aparência. Basta ter um bom coração e
guiar-se pelo que se acha correcto que o resto fará a sua magia. E foi isso que
funcionou nesta história que aos olhos dos outros tinha tudo para dar errado.
Há um pouco de mim em Markus. E acho que foi isso que me fez
apaixonar por esta história de amor caricata. Quando vemos que muito do que de bom
tem a vida mas vemo-lo no canto escuro a acontecer aos outros, e deixamo-los serem o centro das atenções. Mas quando finalmente
nos soltamos e fazemos o que está certo no nosso coração, aí sim, sabemos que
também pertencemos àquele mundo de protagonistas e colhemos os frutos do que isso
tem de bom.
Também gostei da maneira engraçada como o autor soube
colocar em cada capítulo um cheirinho do que depois transferia para um capítulo
à parte ao dedicar exclusivamente a devia atenção às citações, às receitas, ao horóscopo, aos poemas, que cada personagem estava a pensar ou a ler ou a
escrever. Uma maneira bem original de conhecer melhor as personagens.
Contudo acho que é um livro que tem de se ter a
sensibilidade certa ou, pelo menos, tê-la no momento certo, para perceber a peculiaridade
deste livro. Parece-me que não será um livro que todos conseguem entender a sua
dimensão, pois só nas entrelinhas é que a vislumbramos, e que pela sua
aparência pode ser visto como fraco. Tal como o Markus, perceber conteúdo é o
que move este livro.
Citações:
“Na felicidade, há um momento em que se está só, no meio da
multidão.”
“Dizem que antes de morrer, vemos desfilar os mais belos
momentos da nossa vida. Também parece plausível que vejamos desfilar as ruinas e
fracassados do passado quando a felicidade surge à nossa frente, com um sorriso
quase inquietante.”
“Era de novo a valsa dos sorrisos. Espantoso como, por
vezes, tomamos decisões, dizemos que, doravante, tudo será assim, e basta um
ínfimo movimento dos lábios para estilhaçar a segurança de uma certeza que nos
parecia inviolável.”
Classificação: 4 de 5*
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