Opinião Livro

O Circo dos Sonhos, Erin Morgenstern

Título Original: The Night Circus
Autor: Erin Morgenstern
Editora: Civilização Editora
Género: Fantasia
Páginas: 464
ISBN: 9789722634267
Ano Publicação PT: 2012

Sinopse

Um misterioso circo itinerante chega sem aviso e sem ser precedido por anúncios ou publicidade. Um dia, simplesmente aparece. No interior das tendas de lona às listas pretas e brancas vive-se uma experiência absolutamente única e avassaladora. Chama-se Le Cirque des Rêves (O Circo dos Sonhos) e só está aberto à noite.
Mas nos bastidores vive-se uma competição feroz - um duelo entre dois jovens mágicos, Celia e Marco, que foram treinados desde crianças exclusivamente para este fim pelos seus caprichosos mestres. Sem o saberem, este é um jogo onde apenas um pode sobreviver, e o circo não é mais do que o palco de uma incrível batalha de imaginação e determinação. Apesar de tudo, e sem o conseguirem evitar, Celia e Marco mergulham de cabeça no amor - um amor profundo e mágico que faz as luzes tremerem e a divisão aquecer sempre que se aproximam um do outro.
Amor verdadeiro ou não, o jogo tem de continuar e o destino de todos os envolvidos, desde os extraordinários artistas do circo até aos seus mentores, está em causa, assente num equilíbrio tão instável quanto o dos corajosos acrobatas lá no alto.

Escrito numa prosa rica e sedutora, este romance arrebatador é uma dádiva para os sentidos e para o coração. O Circo dos Sonhos é uma obra fascinante que fará com que o mundo real pareça mágico, e o mundo mágico, real.

Desde já um grande obrigado à Catarina Abreu pelo empréstimo :)

Demorei a lê-lo, a ter uma real opinião sobre ele e a escrever este texto. Porque acho que até hoje estava à espera de ficar encantada com esta história mas foi um livro que infelizmente (depois de ler tanta coisa positiva) não me apaixonou.

Dois jovens, Celia Bowen e Marco, têm em comum o destino. Quando alguém os escolhe para um desafio não esperavam terem de se confrontar com o maior desafio de todos: o amor. O pior é que só um pode vencer e isso significa não acontecer o happily ever after. Só que Celia consegue trocar as voltas às regras originais do jogo (não sei bem como) e ficar num mundo alternativo/suspenso com o seu grande amor Marco.

O desafio é proposto por Hector Bowen, pai de Celia, e Alexender H. que arranjam dois pupilos para se enfrentarem sem o saberem e que o único elo que mantêm é um anel. É mais uma tentativa para declarar qual dos dois homens é o melhor professor. Egos à parte, este jogo ao longo de quase todo o livro sofre de uma verdadeira explicação para entendermos tudo o que o acarreta e em que consiste. Acho que um dos grandes problemas na história são os vários retrocessos que são encadeados com o presente, se bem que nunca sabemos bem quando é o presente. Apesar de gostar desta forma de narrar os acontecimentos, neste livro foi tudo tão atabalhoado que fiquei realmente perdida e perdi mesmo o fio à meada que tinha de voltar um capítulo atrás para ver a data (sim, eu não fixo esses pormenores porque tenho péssima memória).

Com isto quero dizer, que quando aparecem as personagens secundárias como os gémeos Widget e Poppet, assim como Bailey, não percebi logo que deviam de ter a mesma idade. E quando aparece em cena Isobel, pensei que fosse Celia Bowen, porque a autora diz que ela mente em relação ao nome e naquele momento ainda não sabemos ao certo as capacidades de Celia. Afinal Marco e Celia só se conhecem uns capítulos depois. Senti que é tudo demasiado confuso para entender que isto é apenas um jogo de egos e que vale tudo até apostar a própria filha, e nunca pensei que o final do jogo significasse que o derrotado tivesse aquele fim.

O final foi agridoce, porque o casal principal teve um fim tão pouco atractivo e nada bem explicado, e que só foi salvo pelo papel que os gémeos e Bailey desempenharam para salvar o circo. Só que por amor de Deus se isso foi em 1903 porque raio ainda estavam vivos na Era do email?! Não me digam que conseguiram encontrar o elixir para a imortalidade. Acho que o livro deixou-se levar pelo grande poder da imaginação sem nunca explicar em concreto toda a panóplia de coisas que carecem de explicação a um leitor. 

Ainda assim adorei o mundo mágico das tendas presentes no Le Cirque des Rêves e as descrições que a autora usa. Fiquei particularmente encantada com a Tenda dos Sonhos de Widget, aí podíamos abrir uma garrafa e cheirar e sentir memórias só nossas. A ideia do circo só abrir depois da meia-noite, como é feita a deslocação de todo ele e ainda o facto de aparecer sempre sem ser anunciado, também me entusiasmaram. E como eu gostava tanto de poder ser um daqueles que usam o cachecol vermelho e respirar/viver o circo.

Apesar das belas descrições de um mundo mágico e poderoso, a história em si falha nas explicações aos leitores. Acontecem muitas coisas que necessitavam de resposta e não as há e conta com um final demasiado rápido para a quantidade de informação presente. Mas ainda assim não risquei a autora da lista de autores para continuar a ler.

Citações:

“As pessoas vêem aquilo que querem ver. E, na maior parte dos casos, aquilo que lhes dizem para ver.”

“É difícil encarar uma situação tal como ela é, quando estás no meio dela. Tudo é demasiado familiar. Demasiado confortável.”

“O tempo é o elemento mais difícil de ler, talvez porque ele muda tantas coisas.”

Classificação: 3 de 5*