Opinião Filme

A Gaiola Dourada







Título Original: La Cage Dorée
Realizador: Rúben Alves
Elenco: Rita Blanco, Joaquim de Almeida, Roland Giraud, Maria Vieira
Género: Comédia
Classificação IMDb: 7,5
















O fenómeno do ano. Bem se pode catalogar assim. Mais de um milhão de espectadores em França, e em Portugal é o filme mais visto até à data com 722.524 de espectadores. Este filme espalhou-se como um vírus, de geração em geração, foram muitos os que se deslocaram ao cinema para testemunhar a vida dos emigrantes portugueses. Até a minha avó que já conta com 81 anos e que não sabe ler foi pela primeira vez ao cinema. E porquê?! Porque também ela foi emigrante em França e nada melhor do que coincidir as suas vivências com as retratadas no filme. Mas não foi só ela, eu quis ir até ao cinema para testemunhar a vida da maioria dos meus familiares. E devo dizer que muito do que é retratado é real, traz algum saudosismo a quem o assiste mas também dá uma certa ideia que o português não evoluí e mantêm-se sempre conservador. E foi este aspecto que achei que o filme peca. Dizer ainda que o realizador Rúben Alves inspirou-se nos próprios pais para contar esta história.

 

José e Maria são um casal de emigrantes portugueses que vivem em França há mais de 30 anos com os dois filhos, Pedro e Paula. Quando José recebe uma carta sobre a herança deixada pelo irmão, o casal decide que o melhor é regressarem ao país de origem e deixarem para trás uma vida de trabalho. Mesmo sem dizerem nada a ninguém, a notícia rápido se espalha pela vizinhança e estes tudo fazem para que aquela simpática família não se vá embora. Pelo meio, ficam ainda a conhecer os futuros sogros da filha (patrões do José) e ainda a saber que esta está grávida. 


O filme mostra a simplicidade, humildade e dedicação dos que emigram. Mostra o carinho e respeito que os conhecidos têm por estas pessoas que apenas lutam por uma vida melhor. 
Este setembro estive em França e pude comprovar isso mesmo. As minhas tias são concierges (porteiras) e as pessoas dos prédios têm-lhes um respeito e afecto que já é raro nos dias de hoje e ainda para mais vivem numa grande cidade. Parece que são elas que mandam nos prédios. Também sabem se precisarem de alguma coisa sabem que podem contar com eles, até para biscates ou guardar os filhos. 
Claro que o quadro da Amália ou dos Três Pastorinhos não está pendurado no quarto, mas adquirirem as revistas portuguesas como a Maria ou terem a televisão ligada num canal português é normal. Comeres e música típica e falarem a grande maioria do tempo em português é o normal. No fundo só senti que estava em França quando tinha de me dirigir a alguém numa loja.

O que não me deixou muito contente foi o facto do filho ter vergonha das profissões dos pais, não querendo estereotipar mas a grande maioria dos que emigraram à 30 anos são porteiras, empregadas de limpeza, pedreiros ou estucadores. E é quase normal um português ter uma destas profissões, e sinceramente é capaz de haverem mais pessoas a terem vergonha das profissões dos pais em Portugal do que aqueles que sabem que os pais foram em busca de melhores condições de vida. 
E a ideia que tem de se estar casado para ter filhos já está muito ultrapassada, podemos ser um povo tradicional mas também sabemos evoluir com os tempos, e ainda mais, quando se vive em Paris.

Não tem um argumento por aí além mas para o propósito que tem (mostrar a vida de um emigrante), está bastante bom. É engraçado, enternecedor e nostálgico, por isso, nada melhor do que ver para comprovar.

 






2 comentários:

  1. Tenho que ver este filme.. Tenho muita curiosidade..
    Beijinhos*

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    1. Ui...deves ter sido das poucas pessoas que ainda não viu ;P
      Bj

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