Opinião Livro
O Rapaz do Pijama às Riscas, John Boyne
Título Original: The Boy in the Striped Pyjamas
Autor: John Boyne
Editora: BIS
Páginas: 192
ISBN: 9789896600839
Sinopse
Bruno, de nove anos, nada sabe sobre a Solução Final e o Holocausto. Não tem consciência das terríveis crueldades que são infligidas pelo seu país a vários milhões de pessoas de outros países da Europa. Tudo o que ele sabe é que teve de se mudar de uma confortável mansão em Berlim para uma casa numa zona desértica, onde não há nada para fazer nem ninguém para brincar. Isto até ele conhecer Shmuel, um rapaz que vive do outro lado da vedação de arame que delimita a sua casa e que estranhamente, tal como todas as outras pessoas daquele lado, usa o que parece ser um pijama às riscas.
A ideia de contar a história do Holocausto pelos olhos de
uma criança foi fantástica. Quem mais poderia ter uma visão tão pura e inocente
de uma época de terror. Durante a leitura do livro, o leitor apercebesse da
situação em que o pequeno Bruno está metido mesmo sem este fazer a mais pequena
ideia.
Bruno é um rapazinho de nove anos que teve de deixar Berlim
com a sua família. O pai foi promovido e, por isso, o novo posto obriga toda a
família a mudar-se para Acho-Vil. Depois de lá chegar fica bastante desanimado
porque é um sítio longe de tudo e muito diferente da anterior casa que tinha inúmeros
recantos para descobrir.
Depois de semanas de desânimo resolve aventurar-se a
descobrir a área gradeada que consegue ver da janela do seu quarto. É numa das
suas explorações que conhece Shmuel, um rapazinho que veste um pijama às
riscas, tal como todos os outros que se encontram do lado da vedação.
Inicialmente é uma conversa que gira em torno da vida de cada um, descobrem que
fazem os mesmos anos exactamente no mesmo dia e de onde vêm. Apesar de notar a
tristeza no olhar de Shmuel, a amizade cresce de dia para dia e acaba por
ajudar Bruno a adaptar-se à nova casa.
Esta nova amizade é uma novidade para Bruno porque é a única
que apenas consiste em conversas e a brincadeira é posta de lado. Mas quando
lhe é comunicado que a mãe, a irmã e ele irão regressar a Berlim, resolve que já
passou tempo de mais a conversar com Shmuel do lado de cá da cerca e resolve
que é tempo de explorar o lado de lá, e assim, também ajuda Shmuel a procurar o
pai. E claro, a passagem para o outro lado revela-se uma viagem sem retorno.
A visão ingénua de uma criança que observa o lado de lá da
vedação sem se dar contar da maldade que advém daquilo tudo. Apesar do Bruno se
aperceber de algumas coisas, como a atitude do tenente Kotler ou estranhar o
porquê de Pavel ter sido médico e agora ser um criado, vê-se que uma criança
quando vê outra criança, trata-a como um igual e não importam as diferenças, o
que interessa é a empatia que se cria. Não sei se o autor fez de propósito ao
fazer do Bruno uma personagem um pouco egocêntrica. Nas muitas conversas e
pensamentos que tem, é visível isso. Talvez quisesse com isso mostrar
implicitamente a ideia de superioridade da Alemanha para com as outras raças.
Um livro pequenino mas com palavras mágicas, apesar do que
representa a história a leitura é agradável, só é pena é existirem tantas
repetições, mas como o narrador é uma criança é compreensível. Aconselho e o
filme tenho de o voltar a ver, porque na altura não cheguei a ver tudo.
Citações:
“Temos de aprender a tirar o melhor partido das más
situações.”
“Heil Hitler! – disse Bruno, o que, pensava ele, era outra
maneira de dizer «Bem, então adeus, e tem uma boa tarde.»”
“Nas explorações, o que tu tens de saber é se aquilo que
encontraste valeu a pena ter sido encontrado. Algumas coisas ficam quietinhas
no seu canto à espera de serem descobertas. E outras coisas nem deviam ser
descobertas.”
Classificação: 4 de 5*
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